PlayStation 4 e Xbox One já estão batendo à porta, e sabemos que o preço deles não será tão baixo. O primeiro chegará às lojas norte-americanas por US$ 399,99 – cerca de R$ 880 – enquanto o outro custará US$ 499,99 – algo próximo a R$ 1.100.
No Brasil, o novo Xbox sairá por R$ 2.200 e o PS4, ainda sem preço definido oficialmente pelaSony, deverá custar algo semelhante. Entretanto, não serão apenas os jogadores que verão mudanças nos números do valor total da conta bancária com a nova geração.
Com hardwares mais potentes, é de se esperar que as produtoras também façam investimentos maiores para que seus games apresentem o nível esperado pelos jogadores. Gráficos mais elaborados, som com qualidade superior ao que foi visto na geração atual... Tudo isso gera gastos para as companhias, e a pergunta que não quer calar é: quanto?
Brincadeira que (muitas vezes) sai caro
“Ah, mas as produtoras gastam apenas quando o processo de produção começa”, alguns podem pensar. O fato é que a realidade não é essa, já que os cofres das empresas perdem um pouco de dinheiro já na aquisição dos kits de desenvolvimento.
Kit de desenvolvimento do PlayStation 4
Podemos até considerar que este é um gasto pequeno para produtoras mais abastadas, mas para outras o cenário pode ser diferente: no caso do PlayStation 4, o kit de desenvolvimento sai por cerca de US$ 2.500 (numa conversão direta, R$ 5.500). Já para o Xbox One, a Microsoft anunciou que vai permitir que cada video game seja transformado em uma ferramenta de desenvolvimento, mas que isso não aconteceria já no lançamento do console.
Segundo uma fonte não identificada ouvida pelo site Polygon, no momento a Sony está mais preocupada em fazer empréstimos de kits. O informante ainda disse que a empresa “os distribui [os kits] como doces”, sem se preocupar em cobrar uma taxa – e, caso isso seja feito, nesse ponto a Microsoft pode ter uma vantagem.
No caso dos produtores independentes, o cenário é mais promissor: a Microsoft tem planos de dar o kit do Xbox One a esses desenvolvedores. Já a Sony, que sempre adotou uma política diferente para estúdios pequenos, aparentemente também está distribuindo os kits gratuitamente – o que pode explicar a quantidade de títulos indie já anunciados para PlayStation 4, como Rogue Legacy, Guns of Icarus Online, Secret Ponchos, The Witness e outros.
The Witness
Se olharmos por outro ângulo, o valor dos kits para a nova geração não é absurdamente alto se comparado à anterior: enquanto há relatos na rede de que as ferramentas para Xbox 360 custavam cerca de US$ 10 mil, no PlayStation 3 esse valor variava entre US$ 1 mil e US$ 10 mil.
Em ambos os casos, tal valor era alto por conta dos componentes internos utilizados nos kits de desenvolvimento. Com o passar dos anos o preço dessas peças foi diminuindo (e outras foram trocadas), barateando também o seu custo final – o que só prova que produzir jogos não é uma brincadeira barata há algum tempo.
A engine que tudo move
Tudo bem, os gastos com os kits de desenvolvimento podem não ser os mais altos, mas as produtoras também possuem outras despesas – e uma delas vem com a pesquisa e infraestrutura de novas engines para os jogos.
Para alcançar um nível gráfico ainda maior, algumas empresas já estão trabalhando em novos motores, como a Capcom, que mostrou a ferramenta conhecida como “Panta Rhei” durante a apresentação do PlayStation 4. Um pouco do que ela pode fazer foi visto em Deep Down, título inédito da empresa japonesa.
Deep Down
E a Capcom não é a única investindo em novos motores. A Epic Games, por exemplo, gastou para desenvolver o Unreal Engine 4, enquanto empresas como Square Enix e Electronic Artsestão apostando nas engines Luminous e Frostbite 3, respectivamente – e, certamente, nesse ponto a grana gasta deve ter sido alta. Muito alta.
Ao menos algumas das novas ferramentas, como a Unreal Engine 4, estão surgindo com a promessa de diminuir os gastos de desenvolvimento. Porém, isso é algo que só os produtores podem responder posteriormente.
Com a palavra, as produtoras
Se a essa altura a pergunta “quanto as empresas vão gastar com os novos jogos, afinal?” já lhe ocorreu, má notícia: poucas se arriscaram a mencionar algo até o momento. Entretanto, já há comentários na rede de que esse valor não será baixo.
“Está ficando difícil e mais caro fazer jogos grandes. Os consoles da próxima geração certamente aumentam esse problema”, comentou Mark Rubin, produtor da Infinity Ward, que atualmente trabalha em Call of Duty: Ghosts.
Mark Rubin, produtor da Infinity Ward
Já para a Capcom, uma saída para reduzir esses custos pode ser a criação de parcerias com outras empresas. Além disso, a companhia tem planos de delegar parte maior do desenvolvimento dos jogos para seus produtores internos (vale mencionar que a empresa costuma trabalhar em conjunto com outros estúdios, como aconteceu com a Ninja Theory em DmC: Devil May Cry).
“Os custos de desenvolvimento são projetados para ficarem bem mais altos quando funções múltiplas e mais avançadas são adicionadas ao hardware”, explicou a companhia em um relatório financeiro.
Indo ao que interessa: valores
Para ter uma ideia de quanto será investido nos novos jogos, peguemos alguns exemplos da geração atual: Grand Theft Auto 5, lançado há menos de um mês, teve seus gastos estimados em cerca de US$ 266 milhões, considerando produção e marketing. Já Gran Turismo 5 teve investimento avaliado entre US$ 60 e 80 milhões – e estamos falando de um jogo de 2013 e outro de 2010, respectivamente, indicando que a tendência é esses valores aumentarem na nova geração.
Outros exemplos recentes são Beyond: Two Souls, que custou US$ 27 milhões, e Watch Dogs. A nova investida da Ubisoft teve seu valor estimado em mais de US$ 70 milhões, informação dada por Stéphane Decroix, produtor-executivo do game. E, levando em conta acabamento, produção e marketing, acredito que essa variação (entre US$ 20 e 70 milhões) seja o valor médio de muitos dos jogos que veremos futuramente.
Já Destiny, que terá versões para PlayStation 3, PlayStation 4, Xbox 360 e Xbox One e será lançado em 2014, não teve seu valor divulgado. Porém, é curioso observar a fala de Eric Hishberg, executivo da Activision, que diz que o investimento para este jogo “é provavelmente um dos maiores já feitos na indústria dos games em uma nova propriedade intelectual”.
Seja pela parte gráfica ou qualquer outra coisa, os gastos das empresas são compensados quando os famosos títulos AAA atingem ou superam as metas de vendas. Bom para nós, jogadores, que adquirimos algo de qualidade, e bom para as empresas, que podem ver o dinheiro investido voltando aos cofres e ainda lucrar com os jogos.
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